domingo, julho 16, 2006

Bárbara

(...continuação)
O meu quarto, ou melhor dizendo, o quarto onde costumo ficar quando cá venho está na mesma, tal como o deixei há um ano atrás...(inspiro) Lavanda, cheiro de lençóis lavados.
A Raquel abraça-me atirando a cabeça para trás, sorri, depois pousa a cabeça no meu ombro e diz – foi há dois anos que tudo começou... – tento afastar a Bárbara do meu pensamento.
- O quê? – pergunto, fazendo-me de desentendido.
- Que começamos a namorar.
- Eu sei – acabo por admitir
- Não gosto de te ver assim tão distante.
- Não estou distante – (porque é que a Bárbara teve de alguma vez existir?).
- Diogo, vá lá! – diz num murmúrio, que para mim parece muito distante, quase inaudível.
- Sim... estou a ouvir – (e se eu não a tivesse conhecido, teria ganho ou perdido com isso?). Acorda! – digo entre dentes, para mim – já passou uma eternidade.
- O quê? – pergunta a Raquel, num completo desconsolo.
- O quê, o quê? – Pergunto, voltando à realidade. A Raquel sai do quarto nitidamente chateada.
- Raquel... - murmuro sem intenção de a chamar. Deixo-me cair na cama, a olhar para a ventoinha que está no tecto, a girar. Fecho os olhos. Lavanda...
(continua...)